25 dezembro 2005

Meu Primeiro Culto Ecumênico

Fui convidado para pregar num culto ecumênico no Condomínio São Cristóvão (IAPI) aqui em Belo Horizonte, nesta sexta (23/12). Este condomínio é muito famoso, tem mais de 50 anos e fica localizado na região mais violenta da cidade. Logo quando cheguei os moradores me disseram que apenas no ano passado ocorreram 68 assassinatos no bairro.

O culto começou às 8 horas no grande pátio do prédio 8. Quem me convidou foi a síndica do prédio através de uma família amiga aqui da minha Igreja.

Os moradores montaram e enfeitaram uma tenda. Na frente estava uma espécie de púlpito com velas e ornamentações dos católicos. Haviam cerca de 30 cadeiras na frente, que foram ocupadas por várias senhoras da melhor idade. A grande maioria das pessoas ficou assistindo das varandas do prédio que davam para o pátio. Foram cerca de 200 pessoas no total.

Logo chegou o padre Mauro, pároco da Igreja de São Cristóvão. Apresentei-me e ele ficou muito espantado com minha pouca idade. Ele demonstrou um espírito bem conciliador, bem ecumênico e me tratou muito bem. Estava tudo bem.

Disse para ele a frase que John Stott cita em Cristianismo Equilibrado: "Nas coisas essenciais unidade, nas não-essenciais liberdade, e em todas as coisas a caridade".

Ele gostou muito da frase e não parou de repeti-la, com um sorriso de quem está feliz de verdade. Disse-me "Como é bom quando nos unimos para falar de Jesus!".

O culto acabou se prolongando. Além de mim e do padre, outras pessoas pediram a palavra. Entre cada discurso o coral cantava.
O microfone não era dos melhores. Foi necessário falar devagar para a voz sair clara.

Eu li e falei brevemente sobre Isaías 9: 2 "O povo que caminhava em trevas viu uma grande luz; sobre os que viviam na terra da sombra da morte raiou uma luz". Falei que sem Jesus as pessoas vivem nas trevas, na perdição, na tristeza, na falta de rumo, mas com Jesus mesmo com dificuldades vivemos alegres. Contei sobre minha família que já enfrentou duras provas, mas que nunca perdeu a fé em Cristo, e graças a Ele hoje toda ela está firme, feliz e realizada.

Na saída todas velhinhas vieram me beijar, agradecer, pedir orações e desejar feliz natal. Uma delas me convidou "Venha tomar um copo de água na minha casa! O único problema é subir os sete andares!". Outra me fez decorar seu nome para que eu me lembrasse dela nas minhas orações, a dona Zélia. Ouvi ainda dizerem "Você foi o nosso presente!".

Fiquei muito emocionado durante o culto. Primeiro por causa do poder do Natal. Foi muito comovente ver todas aquelas pessoas paradas ali por causa do culto. Teve até uma moradora que leu um poema e pediu desculpas para todos os outros vizinhos, se retratando de problemas entre eles. Estavam todos lá se abraçando, até os vizinhos que não se davam bem. E todos estavam ali por causa de Jesus. As pessoas oraram, se alegraram com os belos hinos de natal e receberam muito bem tudo o que foi pregado.

Segundo por causa da simplicidade do povo. As pessoas são muito carentes e necessitadas. Dá para ver o sofrimento solidamente. Disseram-me que os moradores do prédio enfrentaram muitas dificuldades este ano porque o Governo quer demolir todo o condomínio por causa das obras de duplicação da avenida Antônio Carlos.

Terceiro por ser um culto ecumênico. Não esperava que ainda em 2005, aos 19 anos, participaria do meu primeiro culto ecumênico. Foi legal ouvir o padre dizer "Estamos aqui por causa de Jesus, nosso Senhor. Não importam as denominações, não importam a instituições, o que importa é que a pessoa viva com Jesus!". Lembrei dos dias em que fiquei sozinho na capela da PUC me imaginando em um culto ecumênico. Lembrei da autobiografia de Billy Graham, quando ele conta que foi pregar em uma catedral católica e ela estava lotada de gente querendo ouvi-lo.

No fim todos demos as mãos e oramos o Pai-nosso.

"Perdoa as nossas ofensas assim como nós perdoamos quem tem nos ofendido... Amém!".
Feliz Natal!