17 dezembro 2008

A credibilidade histórica dos evangelhos

Por Davi Lago


Ao contrário dos relatos míticos de vários supostos deuses de religiões pagãs, de cultos de mistérios, as narrativas dos evangelhos descrevem Jesus como um homem de carne e osso que viajou por locais geográficos reais e interagiu com personagens históricas conhecidas. Fica evidente que ele ocupou um lugar específico no tempo e no espaço quando se estuda a geografia histórica de sua época. Os detalhes históricos e geográficos nos relatos dos evangelhos dão clara evidência de que os escritores não inventaram as suas histórias.
Por exemplo, o evangelho de Lucas traz com exatidão 53 localizações geográficas em seu evangelho. O Dr. William M. Ramsay da Universidade de Oxford, Inglaterra, passou 25 anos pesquisando a Ásia Menor e comparando os registros de Lucas. Ele chegou à conclusão de que o texto é de uma fidelidade insuperável
[i]. Ele concluiu que Lucas foi um dos historiadores mais precisos que já existiu.
No entanto, a despeito de tudo isso, um cético poderia dizer: “Mas isso não significa necessariamente que os evangelhos sejam verdadeiros. Ele pode ser simplesmente uma ficção ambientada num contexto histórico – alguma coisa parecida com o romance ‘O homem que matou Getúlio Vargas’ de Jô Soares”.
Essa teoria, contudo, é problemática. O teólogo Norman Geisler elucida porque
[ii]:
Primeiro, ela não explica por que vários escritores independentes não-cristãos revelam coletivamente uma seqüência de fatos similares aos narrados nos evangelhos. Se os acontecimentos dos evangelhos são ficção, por que esses escritores registrariam alguns desses fatos como se realmente tivessem acontecido?
Em segundo lugar, essa teoria não pode explicar porque os autores dos evangelhos, e demais livros do Novo Testamento, passaram por perseguição, tortura e morte. Por que eles teriam feito isso em favor de uma ficção?
Em terceiro lugar, os romancistas históricos normalmente não usam nomes de pessoas reais para as personagens principais de suas histórias. Se o fizessem, essas pessoas reais – especialmente oficiais de grande importância do governo e da religião – poderiam negar a história, destruindo a credibilidade dos autores e, talvez, até mesmo usando de ações punitivas contra eles por terem feito isso. Os evangelhos incluem pelo menos 30 personagens históricas reais que foram confirmadas por fontes não-cristãs, muitas dessas são líderes proeminentes e poderosas.
Portanto, a afirmação de que os evangelhos são, na verdade, meros romances ambientados num contexto histórico, não é plausível. Ela é esmagada pelo peso das evidências.
[i] RAMSAY, Sir William M. St. Paul: the traveler and the roman citizen. Grand Rapids: Backer Book House, 1962, p. 69, in: LA HAYE, Tim. Um homem chamado Jesus. Campinas: United Press, 1998, p.59.
[ii] GEISLER, Norman; TUREK, Frank. Não tenho fé suficiente para ser ateu. São Paulo: Vida, 2006, p. 278.