16 fevereiro 2006

O que acontece na noite de Belo Horizonte?

Estamos desenvolvendo um vídeo documentário sobre os jovens de Belo Horizonte: quem são eles, o que eles fazem, o que eles pensam. No último sábado eu sai com um grupo de amigos para filmarmos tudo que acontece na noite da capital mineira.

Mesmo debaixo de chuva, filmamos:

1. Filas nas entradas das boates;
2. Filas nas entradas dos pagodões na Rua Guaicurus;
3. Dezenas de prostitutas e travestis;
4. Jovens bêbados depredando um ponto de ônibus;
5. Motéis lotados;
6. Casais se agarrando em becos;
7. Casais em carros (de vidros pretos) estacionados no Mirante e na Praça do Papa;
8. Muitos jovens completamente embriagados no meio das ruas;
9. Acidente de carro terrível;
10. Jovens fazendo "bunda-lê-lê".

Descemos no Mc Donald's da Savassi e entrevistamos alguns jovens. A maioria das respostas são impublicáveis. Mesmo assim, veja algumas perguntas e respostas que obtivemos:


Entrevistado 1
1. O que você acha da noite em Belo Horizonte?
Belo Horizonte é um saco. Não tem nada pra fazer aqui. Não tem música boa, não tem cultura.
2. O que você faz nas noite de sábado?
Nada. Eu gosto de pegar os cd's de rock progressivo do meu pai e ouvir a noite inteira.
3. O que você vai fazer no Carnaval?
Vou para o interior. Vou me enfiar no meio do mato. O que eu quero é ficar em contato com a natureza.


Entrevistado 2
1. Você tem alguma religião?
Sim, sou católica praticante. Vou a missa todas as semanas.
2. Para onde você vai depois que morrer?
Espero ir pro céu, sei lá. Vai se o espiritismo for verdade, então eu pretendo reencarnar numa vida melhor. Eu creio em vida após a morte. O que eu quero é partir dessa pra uma melhor.


Entrevistado 3
1. Você tem alguma religião?
Não, eu me desencanei disso.
2. Você crê em Deus?
Não. Acho que tudo isso é apenas mais uma forma de enganar as pessoas.


Entrevistado 4
1. Você é a favor do aborto?
Não, não posso ser porque sou cristã. Sou católica praticante.
2. Por que você é católica?
Ah! Eu desde pequena vou a igreja. Sempre estudei em colégio católico. A maioria dos meus amigos são ateus, sei lá. Acho que cada um tem que escolher o seu jeito, eu sou católica, só não pode ser religioso fanático.


Entrevistado 5
1. Você tem alguma religião?
Atualmente não, mas já fui de várias. Em último lugar eu frequentei algumas igrejas evangélicas, mas tô fora agora.
2. Por que você saiu da igreja evangélica?
Ah... Sei lá... Eu não gostava de algumas doutrinas.


Todos, unanimemente, reclamaram da noite em Belo Horizonte. E foi isso. Cheguei em casa 3h30 da madrugada. Ainda vi muita gente totalmente bêbada na rua e muitos carrões e caminhonetes pegando travestis na Avenida Afonso Penna.

Foi possível ver solidamente o vazio dos jovens. Um vazio concreto e pesado. Vazio de sentido, de propósito, de direção, de conteúdo, de alegria. Jovens imorais, pornográficos, entorpecidos, anárquicos, imprudentes, perdidos, cansados, violentos, briguentos, suicidas. Isso é aproveitar a vida?

5 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Ei!! Mesmo sendo pelo msn, foi muito bom "conversar" com vc hoje!
bjos e Deus te abençoe

2:44 PM  
Anonymous Anônimo said...

aFF¬¬
Vou ter ke esperar até o fds ke vem para assistir o vídeo...
Parece ter ficado mto bom, em matéria de objetivo, já ke a realidade é triste...
Tem como eu ter uma cópia? Se for possível, ficaria agradecidissímo. =D

Abraço!

7:40 PM  
Blogger Davi Lago said...

Vítor, sábado dia 4/3/06 os dvds estarão disponíveis.

Bruno vc ainda acredita em imparcialidade? Você acredita em objetividade? Isso é uma longa discussão, mas digo o seguinte: É claro que minha conclusão é baseada na minha cosmovisão. Tenho uma mente cristã e interpreto o mundo a partir desta lente.

12:03 PM  
Blogger Davi Lago said...

É tudo uma questão de cosmovisão. "Cosmovisão" é um conjunto de crenças a respeito da origem e formação do universo, do propósito de estarmos vivos e do que acontecerá quando nossa existência chegar ao fim. Enfim, a "cosmovisão" é a lente através da qual você vê o mundo. Toda a sua interpretação das coisas, parte da sua "cosmovisão".

Existem várias cosmovisões: naturalismo, politeísmo, panteísmo, hedonismo, niilismo, existencialismo, deísmo, animismo, etc. Ora, eu creio na visão cristã do mundo, porque é a mais completa e plausível de todas. Através dela posso interpretar seguramente todo o mundo a minha volta.

Já que cada pessoa carrega em si uma origem, uma história, uma cosmovisão, é como você disse "o que se pode é chegar o mais próximo da imparcialidade".

E quanto a isso você pode ficar tranquilo: é obvio que eu não alterei nenhum resultado, e também é óbvio que eu não coloquei apenas as opiniões que reforçam meu ponto de vista. Está tudo filmado e tudo registrado. E tinha mais 10 pessoas da equipe de filmagens comigo lá.

A Conclusão foi: "Foi possível ver solidamente o vazio dos jovens. Um vazio concreto e pesado. Vazio de sentido, de propósito, de direção, de conteúdo, de alegria. Jovens imorais, pornográficos, entorpecidos, anárquicos, imprudentes, perdidos, cansados, violentos, briguentos, suicidas. Isso é aproveitar a vida?".

Generalização: Não generalizei nada uai. De tudo que vi fiz essa conclusão, e ela é verdadeira e coerente com tudo que vi. Eu estou me referindo a tudo que vi nos motéis, boates, guaicurus, praça do papa, etc. Qualquer coisa eu me retrato aqui: Realmente a noite em BH é carregada principalmete de gente vazia fazendo coisa fútil, mas existe uma minoria que é gente boa e sai pra conversar com os amigos numa boa.

Radicalismo: Uai radical por que? Na conclusão eu apenas qualifiquei o que vi de verdade: imoralidade, pornografia, gente entorpecida, anárquica, imprudente, etc.. Uai isso é tudo verdade, Sou radical poque disse a verdade?

Preconceituoso: Aqui serve o mesmo argumento de cima. Não fui preconceituoso, só disse aquilo que vi: gente violenta, briguenta, etc..

1:38 PM  
Anonymous Anônimo said...

Olá!

Caí aqui "de para quédas" e é a primeira vez que posto um comentário nesse típo de mídia.

Eu sinceramente acho que essa "cosmovisão" está mais para microvisão visto que quando vc permite que sua "lente" te direcione ao ponto de só permitir a percepção sob uma premissa única vc comete o "pecado" do falseio do resultado da análise!

Quando alguém se presta à busca documental ela tem que deixar de lado suas convicções pessoais substituindo-as pela lente ampla da curiosidade e da abertura para o novo.

Eu sou jovem e saio à noite em BH.

Aposto que muitos casais apaixonados, após suas atividades produtivas, seu esporte e seu convívio familiar saem às ruas para se divertir, conhecer pessoas e encontrar amigos. Beber, passear, dançar e beijar!

Transam, se libertam do estress e vívem aventuras loucas! Sem prejudicar ninguém com isso!

Óbvio que alguns brigam! Perdem o controle e são violentas.

Porém: "Na conclusão eu apenas qualifiquei o que vi de verdade: imoralidade, pornografia, gente entorpecida, anárquica, imprudente, etc.." E: "Não fui preconceituoso, só disse aquilo que vi: gente violenta, briguenta, etc.." É uma insulta à premissa básica do pesquisador sério falar em "verdade", "imoralidade" dentre outros. Fazer juíso de valor, taxar, generalizar!

Qual é a sua qualificação para se sentir no direito de julgar a atitude dos outros como imoral, ou mesmo sujerir que sua conclusão se traduz em "verdade"?!

"Fazendo coisa fútil"! O que significa isto?! O que é fútil para uns é produtivo para outros!


Qual foi seu campo de pesquisa?! Que tipo de boate ou bar?!
Quantos foram os entrevistados?
Etc, etc, etc!

Claro que na guaicurus tem prostituta! Claro que a savassi tem briga! Assim como na igreja tem pedófilo!


"Se deus fosse católico, igreja não teria para raio!"

Generalizemos pois!

Amém!

6:14 PM  

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