30 agosto 2007

O rugido do Senhor contra a injustiça social

Por Davi Lago


“O Senhor ruge de Sião e troveja de Jerusalém.Odeiem o mal, amem o bem; estabeleçam a justiça nos tribunais ”
Amós 1.2; 5.15.


Amós era pastor de ovelhas, boiadeiro e colhedor de figos silvestres. O Senhor usou este simples lavrador para ser um profeta poderoso. Ele vivia em Tecoa, local situado à 20 km de Jerusalém. Seu nome significa “Carregador de fardos”. Amós profetizou tanto em Judá como em Israel, quando Uzias era rei em Judá e Jeroboão II rei de Israel. A profecia se deu “dois anos antes do terremoto” (1.1), que foi terrível, pois Zacarias lembra dele 200 anos depois (Zc 14.5).
Amós profetizou num período de muita prosperidade para as duas nações. No entanto, embora o povo estivesse rico, estava em profundo pecado: os pobres eram oprimidos, os tribunais estavam corrompidos, a imoralidade e idolatria eram abundantes. Amós é um grito profético em favor da justiça e retidão. Sua voz é audaz e enérgica. Sua mensagem continua atual, ela é um brado altissonante ao mundo de hoje.

I. A corrupção das nações
Primeiramente Amós anuncia o julgamento de Deus sobre os pecados das nações vizinhas de Israel: Síria, Filístia, Tiro, Edom, Amom e Moabe. Esses países traficavam escravos e promoviam guerras sanguinárias onde assassinavam mulheres grávidas e rasgavam seus ventres. Para eles o lucro e o poder eram mais importante que as pessoas. Deus os condenou. Por mais poderosas que sejam as nações, elas não podem suportar os juízos de Deus.

II. A corrupção de Judá
Em segundo lugar, Amós anuncia o julgamento de Deus sobre Judá “porque rejeitou a lei do Senhor e não obedeceu aos seus decretos, porque se deixou enganar por deuses falsos” (2.4). É lamentável ver como ainda hoje a igreja tem abandonado a Lei do Senhor. Terríveis heresias tem entrado em nosso meio: teologia da prosperidade, confissão positiva, misticismo, legalismo, liberalismo, ecumenismo.

III. A corrupção de Israel
Em terceiro lugar, Amós anuncia o julgamento do Senhor sobre Israel. Amós descreve o estado podre da nação, que se afundava na corrupção e na opressão dos pobres. Amós descreve:
1. A injustiça social. “Pisam a cabeça dos necessitados como pisam o pó da terra, e negam justiça ao oprimido” (2.7). Nossa nação também vivencia uma injustiça social deprimente. São milhões de famílias marginalizadas pela elite social. O Brasil bate o recorde da pior distribuição de renda do mundo.
2. A corrupção da justiça. “Vocês estão transformando o direito em amargura e atirando a justiça ao chão” (5.7). “Vocês transformaram o direito em veneno e o fruto da justiça em amargura” (6.12). Em nosso país vemos todos os dias no noticiário, acusações contra juízes corruptos, sentenças compradas. O juiz Nicolau dos Santo (Lalau) é um exemplo monumental de corrupção: desapareceram 170 milhões de reais dos cofres públicos durante a construção do prédio do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo.
3. A corrupção ética. “Vocês odeiam aquele que defende a justiça no tribunal e detestam aquele que fala a verdade” (5.10). Infelizmente políticos sem escrúpulos são reeleitos em todas as eleições.
4. A opressão dos pobres. “Vocês oprimem o pobre e o forçam a dar-lhes o trigo” (5.11).
5. O suborno. “Vocês oprimem o justo, recebem suborno e impedem que se faça justiça ao pobre” (5.12). Não é diferente hoje: o “mensalão” é o maior escândalo de corrupção da história do Brasil.
6. O luxo dos ricos. “Vocês se deitam em camas de marfim e se espreguiçam em seus sofás. Comem os melhores cordeiros e os novilhos mais gordos. Dedilham suas liras como Davi e improvisam em instrumentos musicais. Vocês bebem vinho em grandes taças e se ungem com os mais finos óleos, mas não se entristecem com a ruína de José” (6.4-6). É deplorável ver pessoas arrogantes esbanjando luxo e suntuosidade enquanto milhões de brasileiros não tem o que comer. O desperdício, o orgulho, o entretenimento imoral, a falta de cuidado com os pobres são uma afronta contra Deus.
7. A corrupção sexual. “Pai e filho possuem a mesma mulher e assim profanam o meu santo nome” (2.7).
8. A corrupção religiosa. “Inclinam-se diante de qualquer altar” (2.8).

IV. A ira do Senhor
O Senhor não está calado diante da corrupção do mundo: “O Senhor ruge de Sião e troveja de Jerusalém” (1.2).
1. O Senhor odeia o orgulho. “Eu detesto o orgulho de Jacó e odeio os seus palácios; entregarei a cidade e tudo o que nela existe” (6.8).
2. O Senhor odeia a falsa religião. “Eu odeio e desprezo as suas festas religiosas; não suporto as suas assembléias solenes. Mesmo que vocês me tragam holocaustos e ofertas de cereal, isso não me agradará. Mesmo que tragam as melhores ofertas de comunhão, não darei a menor atenção a elas. Afastem de mim o som das suas canções e a música das suas liras” (5.21-23). De nada valem cultos cheios de empolgação que não geram transformação de vida.
3. O Senhor abandonará o povo. “Enviarei fome a toda esta terra; não fome de comida nem sede de água, mas fome e sede de ouvir as palavras do Senhor. Os homens vaguearão de um mar a outro, do Norte ao Oriente, buscando a palavra do Senhor, mas não a encontrarão” (8.11-12).
4. O Senhor acabará com a festa do pecado. “Transformarei as suas festas em velório e todos os seus cânticos em lamentação” (8.10).
5. O Senhor amassará todo pecador. “Agora, então, eu os amassarei como uma carroça amassa a terra quando carregada de trigo” (2.13).
6. Ninguém escapará do juízo. O Dia do Senhor “Será como se um homem fugisse de um leão e encontrasse um urso” (5.19).

V. O ultimato a Israel
1. É preciso se preparar para o encontro com Deus. “Prepare-se para encontrar-se com o seu Deus, ó Israel” (4.12).
2. É preciso buscar a Deus. “Busquem-me e terão vida; não busquem Betel, não vão a Gigal, não façam peregrinação a Berseba” (5.4). Não precisamos de mais leis, precisamos de um Salvador; não precisamos de mais regras, precisamos de poder para mudar de vida. Não temos que buscar Deus atrás de dinheiro, saúde, alegria, mas devemos buscá-lo por Ele mesmo. O culto não deve ser centrado em nós mesmos, mas em Cristo Jesus.
3. É preciso amar o bem e estabelecer a justiça nos tribunais. “Odeiem o mal, amem o bem; estabeleçam a justiça nos tribunais” (5.15).

VI. A promessa de restauração
Depois de destruir o reino pecador, o Senhor estabelecerá o reino novo, genuíno e fiel. “Naquele dia levantarei a tenda caída de Davi. Consertarei o que estiver quebrado, e restaurarei as suas ruínas” (9.11).
“Prepare-se para encontrar-se com o seu Deus, ó Israel”.